Phillip
Marinho
VAPOR
Nos becos das periferias de Teresina, “vapor” é uma gíria que significa desaparecer. Evoca aquele morador que morre, se evapora sem que a sociedade se importe. É também o responsável pela venda ilícita aos consumidores. É o vigilante das entradas da favela, que avisa toda a rede, através do rádio e fogos de artifício. São os mais vulneráveis face à intervenção policial, executados na juventude, tornando-se numa mera estatística. Foi à procura de “vapores” que aconteceu uma das maiores chacinas da história do Brasil, na Favela do Jacarezinho, Rio de Janeiro.
VAPOR fala de um forçado e contínuo estado de fuga e da necessidade de um abrigo, do direito universal à habitação, de quem migra, invade e/ou ocupa, num movimento constante enquanto tática de sobrevivência e de elaboração de sua existência. É essa ideia que guia os artistas do Original Bomber Crew em VAPOR. Eles performam em espaços abandonados da capital piauiense, evidenciando um forçado e contínuo estado de fuga, de refúgio, de necessidade de abrigo.
VAPOR é uma série de ações performativas a acontecerem a partir de lugares de fricção sobre moradia: a ocupação de terras Vila da Esperança, que fica no bairro Pedro Balzi, zona rural do grande Dirceu-Teresina-Piauí, a qual conta atualmente com seis mil famílias; um prédio abandonado junto ao “mercado do peixe”; o conjunto habitacional Jacinta Andrade-a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Brasil. Da vivência neles, migramos para o Campo arte contemporânea e seus espaços de extensão, enquanto residências e cruzamentos com outros artistas, de maturação, criação e gira pro mundo.
VAPOR é o 3º ato de uma trilogia da Original Bomber Crew que começou com a Invasão Performática tReta (2018), continuou com a Obra Monitorada SUSPEIT_ (2020) e agora se dissipa com VAPOR: uma ação infiltrável em contextos tanto online quanto de corpo-a-corpo protocolado. Escapa numa série de vídeos, e presencialmente numa performance que deixa uma instalação como mancha no espaço.
FICHA TÉCNICA
Concepção e direção Allexandre Bomber
Fotografia, direção e criação em vídeo Maurício Pokémon
Criação e performance Allexandre Bomber, César Costa, Javé Montuchô, Malcom Jefferson, Maurício Pokémon e Phillip Marinho
Colaboração artística Cleyde Silva
Pesquisa sonora Cesar Costa e Javé Montuchô
Trilha, edição e coordenação técnica Javé Montuchô
Direção de produção Regina Veloso
Assistência administrativa Humilde Alves
Realização Original Bomber Crew e Casa de Produção|CAMPO arte contemporânea
Agradecimentos Adenilson Santana/Rato, Bruno Moreno, David Allan, Davi Silva, Gui de Areia, Kasa, Raimunda Gomes da Silva e Vine Silva.
Exibições
Panorama RAFT 2021 - estreia





